O que oculta/manifesta o nome?
O filme da cerimónia de abertura do Festival Curtas de Vila do Conde da realizadora Estibaliz Urresola Solaguren é delicado, intenso e belíssimo. Venceu o Urso de Prata, Melhor Actriz (Sofía Otero) no Festival de Berlim 2023.
Lembrei-me de outro filme maravilhoso “Gabi, Between Ages 8 and 13”, Engeli Broberg, 2021.
Foi um privilégio conhecer e ouvir a realizadora apresentar o seu filme.
Ficha técnica
Título original: 20.000 Especies de Abejas, Estibaliz Urresola Solaguren
Género: Drama
Ano: 2023
Realização: Estibaliz Urresola Solaguren
Elenco: Sofía Otero, Patricia López Arnaiz, Ane Gabarain
País: Espanha
Duração: 2h05m
Sinopse
Uma criança de oito anos sofre porque as pessoas a abordam sistematicamente de formas que lhe causam desconforto. Insistem em chamar-lhe Aitor, o seu nome oficial . E a alcunha, Coco, ainda que obviamente menos errada, também não lhe cai bem.
Durante um Verão no País Basco, a criança partilha este seu malestar com parentes e amigos. Mas como é que uma mãe lida com a busca de identidade de um filho quando ela própria ainda não aceitou o seu próprio ambivalente legado parental?
A primeira longa-metragem da realizadora basca Estibaliz Urresola Solaguren é um drama radioso. A sua obra maravilhosamente sensível é sustentada pelas performances comoventes da jovem actriz Sofía Otero, que personifica uma criança em busca de um nome, e de Patricia López Arnaiz, que faz de uma mãe atormentada que não deixa de ser terna. Mas, tal como um enxame de abelhas garante a diversidade da natureza, os papéis secundários não são menos essenciais para a heroína do filme e um ambiente maioritariamente feminino mostra-lhe as formas diversas de como é possível ser-se mulher. Ao adoptar mais do que um ponto de vista , Estibaliz Urresola Solaguren respeita a incrível complexidade que compõe a identidade de género, tocando num aspecto talvez menos óbvio da transição: a mentalidade.
In Medeia Filmes