A sessão na Casa da Boavista com os Cineséniores & Alunos da ESA [11º CLH1, AV] foi animadíssima.
Depois das apresentações, os Cineséniores partilharam acontecimentos das suas biografias, formularam desejos e ao som da música de Samuel Úria e da belíssima animação de Pedro Serrazina cresceram juntos para dentro, criando laços para fora.
«Já não caibo numa casa
Onde o espaço é todo meu
Não são obras que me salvam
Eu só sei crescer
Durmo de janela aberta
Tenho os braços no estendal
Eu podia acenar-vos
Mas só sei crescer
Leio o topo da estante
Tudo livros de engordar
E eu preciso abreviar-me
Mas só sei crescer
Qualquer palmo que me meça
É de mão sem cicatriz
O que eu sou é largo de ossos
Pois só sei crescer
Eu só me caibo cá dentro
Mas bato no peito
Por estar com meu ar rarefeito
Eu inicio o discurso
Citando o sujeito
Primeira pessoa é preceito
Eu nem cá dentro me caibo
Pois bate a cabeça no teto
E cai na travessa
Eu já calei o discurso
Que a língua tropeça
Mas o gigantismo amordaça
Eu já invento virtude
No pico não peco
Lá em baixo ficava marreco
Estou tão em-mim-mesmado
É tiro ao boneco
Gigante barrado no beco
Eu já não sei inventar-me
É só mais do mesmo
Fermento em massa de autismo
Eu nem de mim já me pasmo
Há mar e marasmo
Há ir e voltar aforismo
Mas eu só sei crescer.»
É Preciso Que Eu Diminua, Samuel Úria.
Essa partilha intergeracional manifestou-se, ainda, sob a forma de desenhos e pinturas criados cooperativamente em papel de cenário e de deliciosos cocos feitos pelos cineséniores para o nosso lanche!
Muito obrigada Beatriz Lima (Diretora Técnica) Diogo Gonçalves (Educador Social), Paulo, Margarida M., Beatriz, Catarina (11º CLH1) e Inês, Dinis B., Maria, Carolina, Leonor (11º AV) e queridos cineséniores: D. Carmina, D. Carolina, D. Maria de Jesus, D. Amélia, D. Conceição, D. M. Fernanda, D. Cândida, D. Albertina, Sr. José, D. Adelaide, D. Margarida, D. Gracinha, D. Glória, D. Maria, D. Josefina.
A D. Maria Jesus ofereceu-me um desenho! Que maravilha.
Estes reencontros cinéfilos desenvolvem competências através da práxis, desalojando as aprendizagens do seu lugar tradicional.
Eis alguns testemunhos dos Alunos:
«Envelhecer é belo,
guardar tudo o que fomos
e tudo o que ainda somos
para nos tornarmos algo mais.
Somos não só uma pessoa
mas uma coleção de todas as outras que passaram por nós.
Temos um pouquinho do nosso amigo de infância que sempre nos fazia rir,
Um pouco dos nossos pais que tanto fizeram por nós,
Um pouco das pessoas com quem trabalhamos,
E um pouco daquela criança que uma vez fomos.
Somos como um museu,
uma coleção de memórias,
umas mais belas que as outras
mas todas necessárias para a pessoa que nos tornamos.»
Ana Beatriz Lima, 11º CLH1
«Na curta mas intensa visita à Casa da Boavista vivi, senti e aprendi muito. O que mais me impressionou foi o ar extremamente atento com que uma das idosas olhava para a televisão onde estava a passar uma música e o respetivo filme/videoclip. Chamou-me a atenção por não ser um olhar vago e superficial de alguém que está a ouvir a canção só porque lhe foi dito para o fazer. Pelo contrário, aquela senhora tinha uma expressão genuinamente interessada, e isso, a par de outras interações que tive nesse dia, quebrou o meu preconceito de que os idosos, na sua generalidade, eram pessoas que estavam permanentemente inertes, apáticas e inexpressivas.»
Maria de Monserrate, 11ºAV
«Ir ao Lar da Boavista ensinou-me o quão importante é ir visitar os idosos que estão em lares porque deu para perceber o quanto eles ficaram felizes e precisam de outro tipo de companhia às vezes. O que mais me tocou foi ver a tristeza de alguns quando nós tivemos que ir embora e por isso no futuro pretendo participar em mais projetos destes.»
Leonor, 11º CLH3
«Vida com idade
O tempo vai andando
E com ele idade lá vem
Sempre andando em frente
Não querendo ser um desistente
Sempre seguindo um bom caminho
Com a juventude já passada
Mas sempre jovens por dentro
Nunca saindo do meu centro
Entre boas e más já passei
Muitos risos e lágrimas eu dei
Não deixando que isso me abalasse
Pois não mudaria mesmo que cancelasse
Vida curta e inexplicável
Sempre prometendo a mim mesmo
Que se fosse para fazer uma pausa
Refletiria sobre todo este momento.»
Dinis Dias Bastos, 11º AV
«Com esta visita, percebi que uma pequena visita a estas pessoas tão amáveis pode melhorar imenso o dia delas fazendo-as sentir amadas.
Ana Batista, 11º AV
O desenho que escolhi para o cartaz que criei é da autoria da D. Amélia de Pascoaes. É lindo, não é?
Já temos filme e sessão agendada para novembro!
Fiquem bem, Queridos Cineséniores. Até breve.