“Retratos Fantasmas” por Alice Magalhães e Lara Cabral (11.º AV)

Pintura de Alice Magalhães, 11º AV.

A Lara Cabral e a Alice Magalhães ganharam, através do concurso Cineliterário, dois bilhetes duplos para o filme Retratos Fantasmas de Kleber Mendonça Filho, 2019, no Cineclube de Amarante. O concurso é dinamizado na Escola Secundária de Amarante, pelo PNC/Filocinema, a Biblioteca Escolar em parceria com o Cineclube.

A Alice pintou numa belíssima aguarela uma cena paradigmática do filme e a Lara escreveu um excelente texto. Ei-lo:

“Através de fotografia e filmagens VHS e 35mm numa Super 8  Kleber Mendonça Filho documenta as ruínas das salas de cinema no Recife, no Brasil. O modo como este realizador retrata o Recife e o Bairro de Setúbal onde cresceu lembrou-me a forma como Jean Luc-Godard filmou Paris, de certa forma este documentário é uma carta de amor nostálgica ao Recife e ao Cinema.

“Eu amo o centro do Recife. Eu amo o centro do Recife. […] a gente tem que falar quando gosta de alguém.”

Fotograma do filme

Leva-nos a refletir sobre a mudança, sobre a ruína e como parece que tudo vai sofrendo alterações devido à modernidade; também os formatos de multimédia e a forma como consumimos o cinema refletem essa mudança, a perda do analógico para o digital bem como a perda das salas de cinema para o streaming.                           

Não só uma carta de amor mas uma longa critica à forma como a gentrificação leva a cidade à decadência e o capitalismo transforma um lugar de cultura num shopping ou em lojas. O desaparecimento das salas de cinema dão lugar a farmácias e a igrejas evangélicas.

Ao longo do filme são nos apresentados a casa onde Kleber viveu, Nico o cão que vivia na casa ao lado, a cidade, o projecionista Alexandre e as salas de cinema, e vamos percebendo que todos eles são fantasmas, vultos mas ao mesmo tempo imortais porque nos ficam na memória e o vídeo ou a fotografia fazem com que todos eles prevaleçam, se transportem para a realidade e comuniquem connosco.

O cinema é muito mais do que filmes. O cinema são as pessoas e a união, uma fuga da realidade que nos permite imaginar e refletir sobre o que nos rodeia, criticar o mundo mas também relembrar o que ficou no passado e assim tornar os fantasmas no eterno.

“ Filmes de ficção são os melhores documentários”

“ O cinema como uma igreja”

Este longa fez-me refletir sobre a minha cidade, sobre o amor que tenho por viver em Amarante, por ter sorte de viver numa cidade que valoriza a cultura e as artes. A sorte de ter uma cidade em que as pessoas são calorosas e mesmo apenas trocando um “Bom Dia” “Muito Obrigado” ou um simples sorriso conseguimos criar empatia com aquela pessoa. Lembrou-me das senhoras da Pastelaria Mário, do senhor Mário, do senhor da loja de artes da rua 31 de janeiro , da senhora da Pardal, dos meus professores, da Dona Betinha, da Dona Mi, da Dona Glória, da Dona Natália, dos meus amigos, etc.

Relembrei todas as vezes que tive oportunidade de ir ao cinema e como eu e o meu irmão compartilhamos este gosto pelos filmes, por todos os cineastas que ele me apresentou desde Tarantino, Hitchcock, Jean Luc-Godard, Kubrick, Sofia Copolla, Wes Anderson, etc… a todos os filmes que vimos juntos e agradeço-lhe por ter sido ele a fazer com que tenha também eu este amor pela sétima arte.”

Obrigada! “O Cinema é a maior diversão.”

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