A Menina voou e apareceu na janela da biblioteca da escola…Por Tomás Sousa, 7º B

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No Mês Internacional da Biblioteca Escolar e no centenário da Animação Portuguesa, o Plano Nacional de Cinema da Escola Secundária de Amarante em parceria com o a Biblioteca Escolar exibiu, no Clube Filocinema, para todos os alunos do sétimo ano o magnífico filme “História Trágica com Final Feliz” da realizadora Regina Pessoa, 2005.

A menina-pássaro voou e o Tomás Sousa, do 7º B, criou e imaginou.

«A Menina voou e apareceu na janela da biblioteca da escola…

Era uma tarde de outono, fria e chuvosa do mês de novembro, e na biblioteca da escola assistia-se, pela janela, a um bailado de folhas coloridas pelo ar. Não fosse a leitura de um livro interessantíssimo, deixar-me-ia embalar pelo som do vento e da chuva.

Tinha tido furo no horário, a professora de Português faltou. Com o tempo assim, não dava para ir dar uns toques na bola. Resolvi então ir até à biblioteca da escola, que é um espaço bem confortável e quentinho, continuar a ler um livro que já tinha iniciado: “A menina voadora na escola”, de Anne Lieri. Quase, quase a finalizar o livro apercebi-me dum vulto, sem rosto, na janela. Abri-a e ele entrou. Encharcado, tirou uma capa que o envolvia e recolheu as suas asas. Fiquei vidrado naquela imagem angelical – uma bela e delicada menina com uns óculos cor-de-rosa. Mais parecia ter vindo da Terra do Nunca.

– Que… que… quem és tu?! – Pergunto-lhe a gaguejar com cara de susto.

Ela riu-se. Talvez da minha cara de medo.

             – Lenita: a menina que sobrevoa as escolas à procura da sua casa. – Apresentou-se ela continuando a rir-se.

Neste momento, pensei mesmo que tinha adormecido e estava a sonhar. Ela deu-me um valente beliscão, dizendo em voz alta:

– Acorda rapaz! Preciso mesmo da tua ajuda! Vais ajudar-me ou continuar com essa cara de parvinho?! Foi aqui que, ainda meio incrédulo daquela situação, comecei a falar:

– Muito gosto em conhecer-te. E olha, Lenita combina com os teus óculos cor-de-rosa! Rindo-me, prossegui:

– Porém, tenho algumas questões:

1º Como é que conseguiste essas asas? Por acaso, às vezes, também me dava jeito umas assim!

2º Por que é que dizes que procuras a tua casa numa escola?

            – Bem… és um rapaz curioso! Mas tens razão! Uma ajuda não se dá a qualquer um. Sobretudo, se aparecer numa janela duma biblioteca, toda encharcada, com asas e óculos cor-de-rosa! – Respondeu-me Lenita com ar de felicidade. Eu acho que ela viu em mim a pessoa certa para a ajudar (modéstia à parte).

            – Tomás… – exclamou ela. Admito que também fiquei bastante curioso como é que ela sabia o meu nome, mas nem tive coragem de a questionar mais.

            – Em relação a estas asas, esquece! É uma longa história… só te posso dizer que quando desejamos muito algo, e trabalhamos para concretizar o que sonhamos, as coisas acontecem! Disso não tenhas a menor dúvida! Estas asas são provas disso! Basta querermos e podemos voar e voar para onde quisermos. Eu sou uma sonhadora, Tomás… Logo, estas asas ajudam-me bastante…

Não sei se me fiz entender mas… passando à segunda questão. – Discursou Lenita e eu continuei ali, estático e atento ao seu discurso.

            – Na verdade, eu estou um pouco perdida. – Disse Lenita, agora cabisbaixa e um pouco triste.

            – Vá, não fiques assim! Para onde foi toda aquela energia “cor-de-rosa”? Eu ajudo-te! Não tenho asas, mas devo conseguir fazer algo por ti. Olha, queres conhecer a biblioteca? Vem daí eu apresento-ta. – Disse-lhe eu cheio de poder. Queria mesmo animá-la. Então, sem lhe dar tempo para que me respondesse, puxei-lhe pela mão (ignorando o facto dela poder voar) e resolvi conduzi-la pela biblioteca.

            – Olha, eu venho para aqui sempre que me apetece estar mais sossegado e, coincidentemente, quando está mau tempo lá fora. É que não dá para jogar futebol… e aqui é super confortável e agradável. Não achas?! – Perguntei-lhe eu.

            Lenita estava maravilhada com tantas prateleiras cheias de livros, meticulosamente organizados por temas, autores, obras, etc. Acho que não ouvi nada do que eu disse.

            – Tomás, que sítio mágico! Mesmo sem asas, tu aqui consegues voar por tantos países diferentes, mergulhares em tantas aventuras… É fantástico, não achas? – Disse-me ela já com uma voz entusiasmada e sorriso em todo o rosto.

            Sem lhe dizer nada, pensei para mim: boa! Num dia cinzento como o de hoje, já conseguiste animar uma miúda hoje!

            – Sim, claro! É muito fixe a biblioteca! Viajo sem sair daqui… – disse-lhe eu.

Neste momento, não sabia bem o que é que lhe havia de dizer mais. Quando reparo que Lenita já não estava ao meu lado. Admito que senti um vaziozinho… afeiçoei-me àquela miúda!

Atarantado a procurá-la, sinto um ligeiro ventinho na cara… olho para cima e, claro, era Lenita. Tinha, “levantado voo” e sobrevoava, dançando sob a minha cabeça como se estivesse a adorar um Deus. Ahah! Esqueci-me que ela tinha esse dom.

            – Então? Queres ver-me de cima agora, é? Perguntei-lhe eu um pouco chateado.

            – Não, parvinho! Só agora reparei que a minha casa está mesmo aí, nas tuas mãos. Vês, sem querer ajudaste-me. Em todos os sentidos. – Respondeu-me ela quase entoando uma melodia.

            – Nas minhas mãos?! – Questionei-a eu todo baralhado das mãos e do cérebro.

            – Sim, Tomás! Tu já reparaste no título do livro que estás a ler? – Disse-me ela com ar todo enigmático.

            – “A Menina voadora na escola”. – Entoei eu voltando àquele pensamento inicial de que teria adormecido ao som da chuva. Ou então, era desta que estava a ficar todo taralhouco.

            – Realmente… tens tudo para seres a personagem principal desta história! A ser verdade, parabéns Lenita! Eu adorei ler o teu livro e aconselho-o a todos os meus colegas. Também tenho muitos sonhos e, um dia, gostava que todos eles concretizassem. Tal como tu! – Disse-lhe eu com ar todo sonhador. (devia estar novamente com cara de tótó).

            – Tomás, tal como te disse, basta seres boa pessoa e quereres muito, muito. Agora, está na hora de eu voar e voltar para o meu livrinho, esse que está nas tuas mãos, e continuar a sobrevoar as mentes jovens como a tua. – Disse a menina de óculos cor-de-rosa, em jeito de despedida.

– Olha, queres voar para o meu mundo, Tomás?»

Que bela viagem nos proporcionaste com a tua imaginação, Tomás!

Muito obrigada.

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