Porto, cidade-cinema com produtoras como a Invicta Film, e cineastas como Aurélio Paz dos Reis e o próprio Manoel de Oliveira que realizou dois filmes importantíssimos para a cidade nortenha, o documentário “Douro, Faina Fluvial” (1931) e “Aniki Bóbó” (1942), desvelando o Porto entre a invenção ou ficção e a realidade de há quase oito décadas atrás.
A primeira longa-metragem de Manoel de Oliveira retrata um Porto “nu e cru”, o Porto das crianças descalças, o Porto das ruas e das pessoas comuns. O Porto que poderia ser habitado por qualquer um de nós.
Numa época em que o cinema era tratado pelo Estado Novo como um instrumento de propaganda e surgia extremamente estereotipado, segundo o género “a comédia à portuguesa”, este filme não foi bem aceite, foi “pateado” na sua estreia.
No vídeo há uma miscelânea de planos, espaços e de cores e o ontem alterna e funde-se com o hoje. Procurei ser fiel ao Mestre e identificar e fotografar os espaços…
O Porto do século XXI encontra-se povoado pelas silhuetas das personagens de outrora da obra de Manoel de Oliveira, ora contrastando com um Porto cosmopolita e a cores (de hoje), ora preenchido ou elevado pelo vigor e existência destas crianças, pobres, provenientes da zona ribeirinha do século passado.
Poderá uma cidade ser silhueta de si própria e de quem a habita?
Ricardo Cabral, 11.º ano, Curso de Artes Visuais, ESA